Estádio da Tapadinha
Originalmente designado como Campo da Tapadinha, foi casa do Carcavelinhos Football Club e, posteriormente, do Atlético Clube de Portugal.
O Carcavelinhos, em 1925, utilizava o campo do Sport Lisboa e Benfica para disputar os seus jogos. Até que a Direcção do Benfica, fruto do crescimento do clube, negou o empréstimo ao Carcavelinhos.
Com o problema em mãos, a Direcção do Carcavelinhos teve que encontrar uma solução. António Faustino concebeu o Campo da Tapadinha, Sousa Lino, multiplicando-se, tornou a concepção possível de realidade, e Rodrigues Graça, aproveitando o belo e generoso esforço da grande massa anónima do clube, orientando-a tecnicamente realizou o milagre do Campo da Tapadinha.
A 27 de Junho de 1926, foi solenemente inaugurado o Campo da Tapadinha, do Carcavelinhos Football Club, com a presença de numeroso público.
A Direcção, naturalmente, era constantemente felicitada pelo feliz acontecimento. Eis os elementos que a integavam: Alberto de Sousa Lino (Presidente), João Nepomuceno da Cruz Júnior (Vice-Presidente), António Rodrigues Graça (1º Secretário), Armando Lopes Esteves (2º Secretário), Viriato Lameiras (Tesoureiro), José Lameiras (Vogal) e Carlos da Silva Nogueira (Vogal).
O acto da inauguração foi assinalado pelos padrinhos, Artur Nunes, Amélia de Almeida, Carlos Canuto (capitão do Carcavelinhos), João Francisco Maia (capitão do Sporting), António Augusto Lopes (capitão do Casa Pia) e Liberto dos Santos (capitão do União Lisboa).
O programa das festas incluiu três encontros de futebol e uma prova de estafetas de atletismo. Inicialmente jogaram os infantis do Carcavelinhos e do Sporting (vitória dos «leões» por 4-0), jogo que contava para a taça «Álvaro Gaspar».
O segundo jogo colocou frente a frente as equipas do União Lisboa e do Casa Pia (1-1). A partida durou apenas 60 minutos, a fim de se ganhar tempo para o resto do programa.
Foi no final deste desafio que se procedeu à inauguração oficial do Campo da Tapadinha. Perto do parapeito das tribunas, colocou-se uma mesa, sobre a qual se encontrava o auto da inauguração. António Rodrigues Graça, secretário da Direcção, leu-o em voz alta, na presença de todos, sendo depois assinado pelos padrinhos e respectivas testemunhas.
Os circunstantes foram a seguir até ao meio do campo e nele derramaram champanhe. Trocaram-se afectuosos discursos entre os dirigentes do Carcavelinhos e do Sporting, soltaram-se pombos correio, e finalmente, ouviram-se morteiros atirados por sócios do Carcavelinhos, a exteriorizar o seu enorme contentamento.
Por fim, realizou-se o encontro Carcavelinhos-Sporting. Aos 15 minutos funcionou o marcador. O alcantarense, Carlos Domingues, numa jogada fulgurante, arrancou em direcção à baliza do Sporting, driblou Leandro, e atirou fortíssimo para o primeiro golo do Carcavelinhos na Tapadinha.
Aos 30 minutos, o Sporting empatou para se colocar à frente do marcado à beira do intervalo.
A segunda parte começou às 20:45, já com luz deficiente. Neste período marcaram-se quatro tentos, dois para o Carcavelinhos e dois para o Sporting, pelo que o resultado final foi de 4-3 a favor dos «leões», em cuja equipa brilhou o gaurda-redes Cipriano. Arbitrou o encontro Ilídio Nogueira.
A ideia da transformação do Campo da Tapadinha foi posta à respectiva Direcção pelo seu presidente, Joaquim de Paiva e Silva, numa reunião efectuada a 14 de Fevereiro de 1944. O programa das obras foi aceite por unanimidade, bem como a proposta para a eventual compra do terreno.
A direcção que aprovou o ante-projecto das obras elaborado pelo Eng.º Manuel Travassos Valdez, era assim constituída: Joaquim de Paiva e Silva, Tenente Alcino Pires, Alfredo Viçoso Carlos Casanova, João do Carmo Miguel, António J. Marques e Franklin Marques.
Para auxiliar o estudo e a elaboração do projecto foi constituída uma comissão, da qual faziam parte Joaquim de Paiva e Silva, Jaime Franco, Dr. Hermano Leite, Joaquim Nobre, Álvaro Cardoso, Amaral de Almeida, Armando Esteves e Álvaro de Azevedo. O ante-projecto foi apresentado à imprensa, numa reunião efectuada na Secretaria do Clube, a 28 de Abril de 1944.
O cumprimento integral do projecto importava, na altura, 2500 contos, estando incluído mais 10 degraus nas bancadas dos sócios e da geral, piscina, cobertura da central, patinagem, etc.
O primitivo projecto deu entrada na Câmara Municipal de Lisboa a 17 de Outubro de 1944, sendo mais tarde retirado por conveniência da ampliação concebida, para reentrar com carácter definitivo a 9 de Maio de 1945.
O arrelvamento do campo iniciou-se a 3 de Setembro de 1945. Só o arrelvamento, cujos trabalhos foram confiados ao Eng.º Agrónomo João Marques de Almeida, importou em cerca de 150 contos. Se não fora a terra, a pedra e outros materiais de que se dispunha, o custo do arrelvamento rondaria os 250 contos.
As obras, excluindo o arrelvamento, começaram a 5 de Julho de 1945.
A comissão Executiva das Obras, eleita em 6 de Março de 1945, era constituída pelos Srs. Joaquim de Paiva e Silva, Joaquim Nobre e Álvaro Cardoso, este director de campo. A construção foi confiada ao autor do projecto – Eng.º Travassos Valdez.
A inauguração do Estádio da Tapadinha realizou-se em 23 de Setembro de 1945, com a presença do Chefe de Estado, o Marechal Óscar Carmona.
Disputou-se um particular entre o Atlético e o Sporting, que terminou com a vitória dos verde-e-brancos por seis bolas a zero.
A sua capacidade chegou até aos 10000 lugares, estando neste momento reduzido aos 4000, fruto do fecho de uma das bancadas e do peão.
Foi palco de inúmeros jogos de futebol, alguns deles marcantes para a história da modalidade no nosso país, e em particular para os alcantarenses, que faziam romarias para assistir aos jogos do “seu” Atlético.